11/04/2016

TRIBUTO A UMA AMIGA QUE PARTIU

Dona Divina (+2016)

Hoje o dia amanheceu mais triste.
Nesta madrugada uma amiga amada, irmã de fé e uma das mulheres mais incrivelmente guerreiras que já conheci partiu.
Voltou para Aruanda.
Após mais de 80 anos de uma vida solitária, cuja única filha que teve era apenas uma lembrança e um nome em sua memória, pois, devido a interpéries da vida se viu forçada a entregar para que outros a vissem crescer, ela mesma não pode.
Esta mulher que por tantos anos solitários emprestou para si um pouco de escasso amor de famílias que não eram sua.
Esta mulher brava, zangada, de poucas palavras mas de coração gigante que tive o privilégio de conhecer.
Esta mulher tão linda em sua velhice solitária.
Uma das amizades mais preciosas que já conquistei.
Hoje amanheci chorando.
De tristeza por saber que não a verei novamente nesta vida.
De alegria por a ter conhecido nesta vida.
Por alegria também pela certeza de um dia haver um reencontro de almas.
Ainda choro porque felizmente pude dizer, eu te amo e isso conforta meu coração.
Vai em paz minha amiga, minha irmã de fé.
Vai descansar um pouco após lutar o bom combate.
Vai se refazer.
Num universo onde certamente não há o descanso eterno, fique certa de que nossos caminhos se cruzarão novamente em outras oportunidades, em outras vidas.
Talvez então possamos ser felizes juntas como a senhora me disse na última vez que nos vimos.
Vai em paz minha amiga. 
Vai caminhar nos jardins de nossa morada celestial, onde as plantas estão sempre floridas e os animaizinhos brincam felizes entre as rozeiras que a senhora tanto apreciava aqui.
Vai em paz, certa de que um dia sua filha perdida voltará para seus braços de mãe. Uma mãe amorosa que a senhora sempre foi com cada um de nós.
Vai confiante de que cumpriu bem sua missão.
Tem e sempre terá em mim uma amiga que a ama e admira e que é muito grata por cada bronca e cada palavra gentil que recebeu, nesses poucos anos de convivência. 
Vai em paz e me perdoe se não estive tão próxima quanto poderia.
Vai em paz!



Ilda Santa Fé

08/04/2016

MUNDO SECRETO

Sou uma sonhadora nascida em libra, filha de um canceriano bondoso e uma leonina raivosa e infeliz.
Meu mundo é secreto.

Sou uma criadora de mundos, meus sonhos são vórtices que me levam onde quero ir, viajo por mundos estranhos e coloridos, onde tenho os amigos que imagino e vivo os pequenos prazeres que minha alma aprecia.
"Ilda Santa Fé",  Desenho digital feito pelo artista e amigo José Loures (2012)

Eu sonho, vivo, crio, eu sou, estou e vou onde não é permitido e então corro muito e grito. 

Me escondo onde ninguém pode me ouvir. Subo na árvore mais alta e voo bem alto para ninguém me alcançar, para não ser vista.

Mas tenho que voltar e fico triste, me rejeito, me cubro de vergonha por ser assim, tão eu e me esqueço.

Quem sou?
Já passou tanto tempo, não me lembro de mim. 

Eu sonho, procuro um caminho que me leve de volta para a pequena grande sonhadora que eu fui.

O mundo secreto se fechou e não encontro a chave. Se encontrar me juntarei a ela novamente e finalmente seremos uma.
Finalmente serei eu.



29/03/2016

PEQUENOS BELOS MOMENTOS DE ILUSÃO

Como são belos esses momentos em que se compartilha o que há de melhor em si. Certamente não há nada que se queira mais, se não a deliciosa certeza de ter tocado o outro em sua mais profunda essência divina.
Momentos raros e valiosos que possivelmente não serão vividos novamente, são tão ricos e enigmáticos que surgem em sua vida quando menos se espera e se eterniza tão somente na memória de quem o vivenciou.
Será?

Os grandes sábios, espíritos antigos e benevolentes ensinam que tudo o que se faz, pensa, produz e vive, se torna parte de um grande arquivo universal que podemos acessar apenas com a força do pensamento. 

Se realmente é assim tão fácil, quero voltar lá através do pensamento e reviver tudo novamente, quero ver aquele sorriso, a voz melodiosa quase uma canção em meus ouvidos, o toque seguido de arrepios...
Penso que seres sensíveis se entristecem com facilidade, não há nada mais tenebroso e solitário que a solidão de ser um espectador enquanto outros constroem memórias. Afinal o que são esses momentos de memória? Talvez sejam apenas momentos que se constroem num mundo de solidão e ilusão.